Francisco Câmara

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Como é que Eu Cheguei a Este Ponto?

Eram 10:00 da noite e o Manel acabara de chegar à sua casa com uma piscina enorme, vindo do trabalho. Estava de rastos, cansadíssimo. Ainda não tinha jantado mas também não tinha fome. Aliás, ao abrir o frigorifico verificou que só tinha uma maçã para comer. Mais nada! Fechou a porta e arrastou-se para a sala. Sentia-se num caos!

 

Chegando à sala, ele jogou-se para cima do sofá. Fico imóvel, a olhar para o teto da sua linda sala de televisão, e começou a pensar para consigo mesmo:

 

“Como é que eu cheguei aqui?! Tenho tanta coisa boa, carros de luxo, vivo numa casa enorme com piscina, televisão XPTO, tudo do bom e do melhor mas sinto-me tão triste. E pior, estou sem dinheiro!”

 

E continuou:

“Nem dinheiro para comida eu tenho.” – constatou o Jovem Manel – “comprei tanta coisa que não me servia e que apenas serviu para mostrar aos outros. Mas porquê?! Porquê que eu não estou e viver a vida dos meus sonhos?!”

E mal acabou de perguntar a si próprio estas questões, lembrou-se de um momento em sua vida e que, sem ele saber, o marcou até hoje. Na altura ele era um jovenzito. Para aí quando com 7 ou 8 anos.

 

O Jovem Manel na altura vivia com os pais. Estes não eram pessoas de grandes posses materiais. O pai costumava-lhe sempre dizer que:

“temos de trabalhar muito para trazermos dinheiro para casa Manel, para podermos comprar comida e pagar as contas. Sem muito esforço não conseguíamos ter nada nesta vida.”

O pai e a mãe eram pais que estavam sempre presentes, ou seja estavam a acompanhar de perto a vida do Jovem Manel. O seu crescimento.

O Manel tinha um grupo de amigos que tinham brinquedos caros, roupas caras, televisões grandes e por aí fora. Ou seja coisas que ele não tinha.

Um dia o Jovem Manel estava a passear com o pai na cidade, e ao passar por uma loja de brinquedos, viu na montra um igual ao que um dos seus amigos tinha.

 

“Pai, podes-me comprar aquele brinquedo?” – perguntou o Jovem Manel ao pai, apontando para o brinquedo desejado.

O pai olhou para o brinquedo e depois desviou o olhar para o preço. A resposta à pergunta foi:

“Mas tu pensas que o dinheiro cresce nas árvores?! Achas que eu tenho uma caixa cheio de dinheiro por debaixo da cama?! Nem pensar.”

 

O pai achou que seria o momento ideal para ensinar o seu filho. Ajoelhou-se e olhando para os olhos dele disse – “Nada nesta vida cai do céu. Se quiseres ter coisas boas vais ter de trabalhar muito. O dinheiro é algo muito difícil de se obter.”

E continuou – “e se pensas que trabalhando muito vais ficar rico como os pais dos teus amigos, enganas-te. Só as pessoas com um talento especial é que são ricas. Na nossa família não há pessoas talentosas e por isso não há ricos!.”

 

O Manel lembra-se agora que a partir desse dia começou a sentir que não era merecedor de coisas boas, de que tinha de trabalhar imenso para termos o que queremos e que ele não passava de uma pessoa dita normal, sem nenhum talento especial.

“foi por causa disto que eu quis impressionar as outras pessoas!” – disse para si mesmo o Manel, deitado no sofá.

“Quis demonstrar a todo o mundo, incluindo os meus pais, que era uma pessoa fora do normal” – e continuou – “A vontade de mostrar é tão grande que nem olho a meios para atingir os fins. Nem tenho a consciência de distinguir o que é prioritário do que é supérfluo” – concluiu o Manel.

“E já agora o que é prioritário para mim? E o que é extravagante?” Perguntou a si mesmo o Manel.

 

Agarrou numa caneta e num caderno e dividiu uma página com uma linha. Do lado esquerdo da linha escreveu “Prioritário” e do lado direito escreveu “Supérfluo”.

 

E de seguida começou a escrever do lado “Prioritário” a lista de coisas que realmente são prioritárias e que o dinheiro tem de ser canalizado:

  • Comida, casa (alugada ou comprada), luz, água, roupa, artigos de higiene, saúde (ir ao médico), transporte (transportes públicos ou carro próprio), telefone, internet e fundamentalmente poupar dinheiro.

Do lado “Supérfluo”:

  • Carros de luxo, viagens a lugares exóticos, roupas de marca, moradias de luxo, televisão mais tecnológica possível, sistema de som, assinaturas na Apple TV, Netflix e outras (só preciso de uma).

“Fiz tudo errado. Dei prioridade ao Supérfluo, arranjei divida para comprar isto tudo e agora não tenho dinheiro para comprar o prioritário.”  – disse o Jovem Manel

 

Totalmente desanimado, enterra-se ainda mais no sofá e sem solução à vista faz uma outra pergunta a si mesmo, de forma a encontrar uma solução o quanto mais rápido possível – “Como é que saio disto?”

 

Como é obvio não veio logo uma resposta. E de uma forma quase automática ligou a televisão. De repente aparece uma notícia sobre o sucesso do livro da Rainha Elisabete. E como ela tem conseguido pagar as dividas que o seu pai gerou enquanto vivo.

“É ela… é ela quem vai-me ajudar” – ele encontrou a resposta à sua pergunta de há instantes.

 

“Vou já para a cama dormir que amanhã de manhã vou bater à porta do castelo para falar com A Rainha. Não saio de lá sem ela me receber!!” – determinado, Manel voou para o quarto. Despiu-se, vestiu o seu pijama de seda – “até nisto eu gastei dinheiro!” – pensou ele enquanto o vestia.  Afastou os lençóis, ajeitou a almofada e de seguida entrou.

Aninhou-se para encontrar a posição confortável e antes de adormecer pensou

“Vou ter que arranjar solução para isto! Ou eu não me chamo Manel.”

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Quem escreveu este artigo:

Francisco Câmara

Filho, Pai, Escritor

Uma das minhas missões na vida é ensinar aos jovens (e não só) literacia financeira, de modo que não olhem para O Dinheiro como “a raiz de todo mal”, mas enquanto um meio para serem felizes e realizarem os seus sonhos, chegando à vida adulta com todos os conceitos e métodos para atingirem as suas metas.

O meu objetivo: mudar o Mundo.