Francisco Câmara

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Lei da Procura e da Oferta no Porto Santo

A Rainha Elisabete ia fazer anos para a próxima semana. E por isso queria oferecer a si mesma algo especial. Afinal não são todos os dias que fazemos anos!

– Por tudo aquilo que eu conquistei, acho que mereço algo especial para mim este ano – pensou a Rainha para si mesmo.

E continuou…

– E por isso vou ao Porto Santo. Todo mundo fala tão bem desta ilha, da praia maravilhosa, da água, da calmaria. Como não posso ir?!

– Vamos embora Maria, vamos de férias – disse A Rainha Elisabete à D. Maria – Vamos para o Porto Santo. Para a “beach” – disse quase cantando.

– A sério? Vou andar de avião?!  – perguntou a D. Maria toda contente.

E lá foram elas. Apanharam o avião a caminho da Ilha Dourada.

Quando o avião estava a aterrar, A Rainha Elisabete viu a praia – É esta a praia que tanto falam! – falando espantada para com os seus botões.

Saíram do aeroporto e dirigiram-se de imediato para o Hotel. Pousaram a malas, vestiram o fato de banho e saíram disparadas para a praia.

Mas de repente a D. Maria disse:

– É melhor comprarmos água no supermercado antes de irmos. Senão vamos morrer de sede! Está um calor que não se pode.

– Tens razão – concordou A Rainha. E lá foram elas a correr para o supermercado comprarem a água – Mas é para despachar porque todo minuto estando fora da praia é minuto desperdiçado.

Entraram no supermercado, direitinhas para a zona das águas.

– Ora bem, água mineral 1,5 litro sem gás… €0,23. –   encontrou a D. Maria o que queriam.

– Já encontrei – quase berrando para A Rainha.

– Anda corre para a caixa – disse A Rainha.

E lá foram elas a voar para a zona das caixas.

Pagaram e lá foram.

Passados 5 minutos estavam na praia.

– UAU olha-me só esta areia – afirmou A Rainha toda espantada

– E está quente! Au! Auch! Fónix! Põe a tolha Maria. Fogo, os meus pés, estão escaldar!

Depois foram dar um mergulho naquela água fantástica… nadaram, nadaram. Pareciam duas crianças.

Estava um dia cheio de sol, nem uma nuvem no céu. Mar parado, como se fosse um lago. Um dia lindo de Verão.

E é claro que ao fim de uma hora a água foi bebida por completo.

– Temos de comprar mais água Maria. Esta já foi – disse A Rainha Elisabete à D. Maria.

– E eu não tenho pachorra para sair desta toalha – afirmou a D. Maria à Rainha.

– Vê se encontras alguém a vender aqui na praia – continuou a D. Maria à jovem Rainha.

A Rainha lá foi à procura de algum vendedor de praia e ao fim de 30 minutos lá encontrou um.

A Rainha aproximou-se do rapaz, toda a transpirar e com um ar desesperada de água

– Boa tarde – cumprimentou A Rainha

– Boa tarde – devolveu o cumprimento o vendedor

– Uma garrafa de água de 1,5 litro, gelada de preferência! – pediu A Rainha – não, melhor, duas garrafas – pensou melhor.

O jovem vendedor abriu a geladeira e tirou duas frescas garrafas de água

– Ora nem mais. Aqui vão duas garrafas de água bem geladas -entregou-as à Rainha.

– quanto custa? – perguntou ao vendedor

– ora as duas são… 3€ – respondeu o vendedor.

A Rainha parecia que ia lhe dar um badagaio quando ouviu quanto custava.

– 3€?! – respondeu a soberana – as garrafas são feitas de ouro?! – resmungou A Rainha.

O vendedor olha para A Rainha meio chateado. Mas percebeu o espanto da soberana.

E ela lá continuou.

– Eu comprei esta mesma marca de água mineral no supermercado há 2 horas e custou-me 0,23€. Como é que aqui na praia passou para 1,5€ cada? – perguntou A Rainha ao jovem vendedor.

O jovem vendedor olha para A Rainha e disse:

– Minha senhora, olhe à sua volta. Vê mais alguém a vender água nesta praia?

A Rainha Elisabete, a morrer de calor, cheia de sede, começou a olhar em redor na esperança de encontrar um outro vendedor. Um salvador para que ela não pagasse 3€ por estas duas águas.

Olhou, olhou e ao fim de algum tempo rendeu-se às evidências.

– Não, infelizmente não – lá A Rainha aceitou resmungando – Você é o único.

– Então como eu sou o único, posso colocar o preço que eu quiser – disse de peito inchado o vendedor.

– Portanto duas garrafas de água de 1,5 litro são 3€ – rematou o rapaz.

Ou era dizer não a este moço, e ver que não precisava dele mas morrendo de sede ou pagava e saciava a sua sede. Porque esta era demais.

Lá A Rainha pagou contrariada, tendo se dirigindo-se para a toalha junto da D. Maria

Chegou à toalha e contou à D. Maria o que se tinha passado com a compra da garrafa de água.

A D. Maria não ficou espantada e respondeu à Rainha

– É normal que isso aconteça. Aliás se reparares bem é isso que acontece ao nosso redor, todos os dias.

– Como assim?! – perguntou A Rainha toda espantada.

– Vê o seguinte, se tu tens um serviço ou um produto que haja muita procura por parte dessas pessoas, e por acaso és a única pessoa que possa vender, é claro que vais vender bem caro. Certo? – devolveu a pergunta à Rainha.

– Certo.

– Por outro lado, se esse mesmo serviço ou produto haja em abundância na sociedade, onde há muitos a vender o preço será bem mais baixo, correto?

– Sim – concordou A Rainha

– O que o vendedor de água fez foi o mesmo que eu descrevi agora mesmo.  Ou seja, como ele era o único vendedor de água na praia, não havendo mais ninguém neste areal, e ele sabendo que há muita procura em comprar a água, devido ao calor existente, o rapaz vai vender ao preço que ele quiser. Porque sabe que vai vender. Porque sabe que há muita procura.

– percebeste? – A D. Maria conclui o raciocínio

– Já percebi – respondendo A Rainha de uma forma resignada – quer dizer que se houvesse mais vendedores na praia, e com o interesse das pessoas em comprar água, este vendedor tinha de baixar o preço. Senão não vendia nenhuma água.

– Isso mesmo – A D. Maria concordou com a resposta, abanando a cabeça afirmativamente.

E lá continuou, A Rainha Elisabete, com o raciocínio:

– então resumindo podemos dizer que, se houver muita procura por água mas há pouca oferta (poucos vendedores de água) o preço da água tende a aumentar. E para o caso onde a procura por água é imensa mas há mais vendedores de água o preço tende a baixar.

– Correto – Respondeu a D. Maria.

E para concluir, disse a D. Maria:

– Isso mesmo: muita procura por água com muitos vendedores, o preço da água vai ser mais barato do que 1,5€. Porque vai haver concorrência entre eles. Ou seja eles vão ter de baixar o seu preço de venda de água se quiserem vender.

– Amanhã vamos vender água aqui nesta praia – resmungou A Rainha

– Só para irritar aquele fulano. Que nervos! – continuou a resmungar.

– Nem pensar! Amanhã quero fazer praia novamente. Não te esqueças que estamos de férias. E preciso de descansar  – D. Maria rematou com a conversa.

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Quem escreveu este artigo:

Francisco Câmara

Filho, Pai, Escritor

Uma das minhas missões na vida é ensinar aos jovens (e não só) literacia financeira, de modo que não olhem para O Dinheiro como “a raiz de todo mal”, mas enquanto um meio para serem felizes e realizarem os seus sonhos, chegando à vida adulta com todos os conceitos e métodos para atingirem as suas metas.

O meu objetivo: mudar o Mundo.